Jabes, a nota pública e os partidos polÃticos (nem tão) aliados
Há, pelo menos, um fato curioso nas entrelinhas da Nota Pública emitida ontem por oito partidos políticos da base de sustentação do governo de Ilhéus, em defesa do prefeito Jabes e da governabilidade municipal: dos partidos "aliados", pelos menos três deles estão representados nas ruas e protestam publicamente contra o atual gestor. Os partidos acendem uma vela para Deus e outra para o diabo. Ainda tentam esconder que há, claramente, insatisfação com o governo e a sua impopularidade explícita. Mas as siglas (não se sabe quantas compõem de verdade a base municipal) seguem o caminho, de acordo com o vento e a maré, que tornam os seus interesses viáveis - e concretos. Coisas da política.
Senão vejamos: o PDT de Fred Gedeon, da base do governo, é o mesmo PDT de Cosme Araújo, hoje um dos principais adversários do prefeito. O PCdoB de Josevaldo Machado, presidente da Câmara, é o mesmo que comanda a Força Sindical que assegura e fortalece a greve dos servidores públicos e que tem como presidente do Sindicato dos Servidores Públicos o irmão de Josevaldo, Luíz Machado. E o PSB de Alcides, secretário de Turismo? Não é o mesmo de Maurício Galvão, filho de Bebeto Galvão, e um dos líderes do movimento dos estudantes a favor da redução da passagem de ônibus?
É óbvio que Jabes sabe de tudo isso. Tanto que já ensaia medidas mais contundentes para retomar as rédeas políticas do governo. A proposta de convocar o Conselho Político do governador Jaques Wagner, que é composto pelos partidos da base aliada estadual, é uma forma de dizer: ou dá ou desce. O problema é que a construção da aliança jabista, ano passado, para trazê-lo de volta ao Palácio Paranaguá, foi, por demais, um samba do criolo doido. O "homem de confiança de Wagner" tem na sua vice, o "homem de confiança de Geddel", o maior opositor do petista na Bahia.
Dá para confiar?
Ademais, nem mesmo a base de sustentação municipal pode ser confiável aos interesses do prefeito. Os mesmos que cobram cargos e a fatura pela ajuda que dão ao governo, já demonstraram que, na briga entre servidores e prefeito, ficarão ao lado de um na teoria e de outro na prática. A insatisfação deles é grande porque o buraco não tem fundo.
O agravante é o que o tempo passa. Lá se vão sete meses de um governo que não consegue deslanchar e fragiliza-se diante do desgaste inevitável dos seus comandantes. Ontem, Jabes e Cacá foram visitar alguns postos de saúde - um gargalo da administração - que estão sendo recuperados a toque de caixa. Jabes reclamou da obra e pediu agilidade, muita agilidade, para o posto poder acontecer mais rapidamente.
Pois é justamente isso, esse mesmo comportamento, que a população também cobra do gestor. Reclamar do que não está gostando e querer mais rapidez na resolução dos problemas mínimos que estão à porta das casas, aos olhos indignados dos que mais precisam.
É preciso que o governo entenda e respeite esse comportamento.